A maior parte da história acontece em Clanton, Mississipi e é neste lugar que Tonya, uma menina negra de 10 anos é raptada por dois homens brancos. Ela é violenta por ambos, empancada e largada agonizando de dor.
A identificação dos estupradores não tarda a ser revelada, se tratam de Cobb e Willard, ambos são presos e o julgamento contra eles começa. Apesar das várias provas e de um dos acusados ter admitido o crime, Carl Lee - pai de Tonya - não consegue viver pensando que há possibilidade de uma absolvição. Numa cidade como Clanton, crimes cometidos por homens brancos são julgados de uma forma e crimes cometidos por negros de outra. Agora, como saber se o júri seria justo no julgamento dos dois homens brancos?
No final de uma das audiências, quando Cobb e Willard são acompanhados por policias para a saída do tribunal, Carl Lee os surpreende com uma arma letal nas mãos e mata aqueles que causaram tanta dor em sua pequena filha. Logo percebe-se que há mais uma vítima e este é um dos policiais, que fora gravemente atingido em uma das pernas.
O livro gira em torno do julgamento de Carl Lee, um homem negro, pelo assassinato de dois homens brancos. O que seria um caso de homicídio simples, que resultaria em uma absolvição, caso fosse um homem branco que tirasse a vida de um negro, acaba por tornar-se um dos maiores julgamentos da história de Mississipi, isso por questões raciais encontradas ainda em Clanton.
É a partir dai que a história começa a se tornar realmente importante para o leitor; o leitor passa a fazer parte da vida de Carl Lee, passa a torcer pela absolvição e se questiona porque ainda há pessoas que julgam pela cor. Alias, me diga, quem faria diferente se estivesse no lugar de Carl Lee? Imaginassem como Tonya sofreu nas mãos destes homens. Como julgar um homem que salvou a vida de outras meninas que poderiam ter tido o mesmo destino que sua filha? Como uma sociedade pode julgar alguém que só as manteve em segurança?
"Semiconsciente e em desvario, viu alguém correndo em sua direção. Era seu pai, correndo desesperadamente para salvá-la. Em seus sonhos, ela o viu quando mais precisava dele. Gritou por ele, e ele desapareceu. Tinha sido levado."
Para a defesa está Jake Brigance, que foi um homem que muito admirei no livro. No começo ele se mostrou um advogado que só se preocupava com a publicidade, ganhar ou perder não tinha tanta importância. Mas conforme as páginas vão passando, o leitor pode notar a mudança em Jake. Apesar de saber das grandes chances de seu cliente estar destinado a câmara de gás, ele sempre trabalhou firme no julgamento. Pela promotoria - acusando Carl Lee - está Rufus Buckley, um homem arrogante, que pouca gente gosta, porém um advogado muito inteligente e mais esperto do que aparenta ser.
Ainda existe membros da Ku Klux Klan, que no auge do julgamento, passam a fazer passeatas na frente do tribunal com a maior naturalidade, contra Carl Lee e os negros que o defendem. Os membros da Klan, são homens brancos, cuja caracteristica principal é amedrontar e agir violentamente contra qualquer pessoa que possa atrapalhar seus planos. No livro, estes irão utilizar cruzes enormes em chamas para causar medo nas pessoas que estão ligadas no julgamento de Carl Lee, em especial o advogado de defesa Jake Brigance e os júris.
O livro é realmente uma excelente obra. É assustador imaginar que possa existir uma situação desta no mundo. Como alguém pode ser a favor do estupramento de uma menina, apenas por ela ser negra? Foi o primeiro livro lido do ano e um dos melhores da minha vida. Este livro nos faz pensar e nos faz querer mudar. Me senti inteiramente ligada a ele.
"Mandou que imaginassem que a menina tinha cabelos louros e olhos azuis, que os dois estupradores eram negros, que eles amarraram o pé esquerdo dela numa cerca e o direito em uma árvore. Que a curraram repetidamente e xingaram porque ela era branca. Mandou que imaginassem a garotinha ali deitada, chamando pelo pai (...) E depois disse que imaginassem que a garotinha pertencia a eles, era sua filha."
E você? Se você fosse um membro do júri, que tem o poder de mandar este homem de volta para a família ou manda-lo para a câmara de gás. Julgaria este homem, por pensar que um crime não justifica o outro? Como reagiria com membros da Klan ameaçando você e sua família? Absolveria Carl Lee, porque acreditaria que o mesmo não estava com sua sanidade perfeita?
"Ela precisa do pai agora, tanto quanto precisava naquele momento. Por favor, não o levem. Ela espera na primeira fila por seu pai. Deixem que ele volte para casa e para sua família."
Trailer do filme A Time to Kill

Trailer do filme A Time to Kill
Autor: John Grisham
Titulo: Tempo de Matar
ISBN: 85-325-0443-4
Selo: Rocco
Ano: 1994
Número de páginas: 574
Assuntos: FICÇÃO
1 comentários on "Tempo de Matar - John Grisham"
Impressionante!
Postar um comentário